segunda-feira, junho 11, 2007

Leito 218

Abre-se a porta! Um clarão de luz!
Vê-se alguém idoso, debilitado, estendido sobre o leito 218.
Luta com todas as forças pra viver.
Resiste bravamente às infecções.
Busca força no fundo da alma para fazer o sinal da cruz!
Mal consegue abri os olhos, não tem ânimo nem pra comer.
Mas luta...
Uma batalha desigual, contra a doença, contra o diagnóstico, que não é nada favorável.
Duela com a fragilidade do corpo contra agentes invisíveis.
Guerria contra a falta de fé e de esperança dos que estão a sua volta.
Suporta os tubos, agulhas, injeções e o próprio cansaço.
Resiste até o cessar das forças para não sucumbir aos olhares de desânimo daqueles que o vêem ali, quase vegetando, e jogam a toalha, sem esperar pelo final do round.
Trata-se do duelo da vida, de quem escolher lutar para viver.
E não se entrega até o último minuto.

Escrevi esse texto em 20.05.07, sentado ao lado do leito 218 da Sta Casa, velando meu sogro, largado e desenganado sobre a cama de hospital.

Um comentário:

Jac C. disse...

Faz algum tempo que li o que escreveste sobre o pai e me emocionei amor.
Hj vim pra te dizer que te citei lá no "ASAS".
Bjs da tua esposa blogueira.