domingo, setembro 03, 2006

Um dia de Garçon

Ontem, pude sentir-me na pele de um graçon. Em nossa paróquia está havendo quermesse e como somos cristãos ativos na igreja, fui dar minha contribuição ajudando a servir mesas, pois
nosso grupo de base de casais foi escalado para trabalhar no dia de ontem.
Na chegada recebemos um colete laranja, bem chamativo, parecido com os de motoboys. Uma caneta e um bloquinho de anotações.
No início, colocamos todas as mesas e cadeira na rua em frente à Igreja, que fora interditada para o trânsito. Montamos umas 70 mesas com 4 cadeiras cada. Já suei de bicas carregando e aprontando tudo. Nem parecia que o clima estava frio.
Após a missa as pessoas dirigiram-se para as mesas. Nós "garçons" atendíamos a mesa, anotando o pedido, recebendo o valor em dinheiro (tudo só com fichas), indo ao caixa pra comprar as fichas e depois pegar os comes e bebes e levar até ao cliente.
O detalhe é que as barracas estavam dispersas de maneira que andávamos muito. Primeiro para comprar as fichas, a barraca do caixa era no centro, depois pra pegar as bebidas, a barraca estava numa extremidade e os espetinhos, pastéis na outra.
Em determinado momento a quermesse estava "bombando", muita gente, todas as mesas cheias, clientes estendendo os braços e chamando os "laranjas" a todo momento. Para complicar a situação, em determinado momento do fervo, acabou o queijo na barraca de pastéis e o pessoal não estava dando conta; na barraca de espetinhos não tinha um assado; a barraca de porção de frango, só havia frango congelado. Nós "laranjas" também não tínhamos atendimento preferencial nas barracas, enfrentávamos a fila, disputando cada ítem com os demais clientes que não esperam pelos "graçons" nas mesas.
Foram umas 4 horas de árduo trabalho, mas o final prometia maiores emoções. Por volta da meia-noite, começamos a recolher as mesas e cadeiras, depois varrer a rua, recolher o lixo. Estava bem cansado. Mas Graças a Deus valeu a pena.
Quando já não esperava por mais nada, só um banho e cama, a recompensa veio no final. O grupo de garçons já havia sido premiado com porções de frango grátis e enquanto esperávamos o desfecho, o grupo da barraca de espetinhos veio trazendo uma bandeja cheia de espetinhos de frango, carne, linguiça e kafta, aí o padre (um quarentão baixinho - tamanho do Danny Devito - usando uma boina que o fazia parecer-se com o baixinho da kaiser) sugeriu uma liquidação dos espetinhos, vendendo-os a $0,50 (preço era R$1,50) para os trabalhadores do dia, foi uma festa.
Levei 2 para casa, um para esposa e outro pra filhota.
Terminei o dia, exausto, mas muito feliz e abençoado.

Um comentário:

Claudinha disse...

Claudio, a doação, seja em bens, seja em esforço, sempre tem sua recompensa. Lastimo que muita gente em nosso país não tenha percebido o qto é gratificante doar-se. Eu mesma sou voluntária no movimento escoteiro. Vejo pais largando seus filhos aos sábados como se livrassem de pequenos estorvos. As crianças mostram suas carências. Afetivas e de comportamento. Dou-lhes atenção com todo o meu carinho. E a retribuição, ou 'pagamento' é sempre um abraço, um sorriso, uma intervenção no meio da rua. Isso não tem preço.
Mas..tava bom o espetinho? rsss..que o SR. ilumine a vc e sua família.