domingo, junho 11, 2006

Depois do choque, o alívio!

Às 10h51 da manhã de quarta-feira o telefone tocou em minha sala, o monitor anunciava o chefe. Bem educadamente me chamou até sua sala. Me encaminhei imediatamente, fiz o sinal da cruz e entreguei nas mãos de Deus meu destino (estava pressentindo o que aconteceria). Na sala da gerência a conversa foi rápida, poucas palavras para me demitir, alegando falta de energia no trabalho. Minha voz embargada ainda conseguiu agradecer e despedir-se. Depois, saindo da sala, fui encaminhado para fazer a via sacra da demissão: passar no médico, entregar os uniformes, pegar os pertences e passar pela última vez na portaria.
Eu estava morando nas proximidades da fábrica e, portanto, me dirigia a pé todos os dias para o trabalho. Fiz este caminho de volta na hora do almoço. Foram longos 5 minutos de caminhada pensando em como notificar a mulher e os filhos. Ensaiei algumas possibilidades, mas o desespero me tomava os pensamentos. Nunca pensei que um dia, depois de 10 anos dedicados ao trabalho, sem escolher dia, noite, finais de semana, feriados e até férias, poderiam me dispensar.
Agora estava alí seguindo a passos largos, rumo de casa para contar o acontecido.
Apesar de todo o choque, me sentia aliviado. A decisão tomada havia tirado um peso de minhas costas. Há algum tempo eu estava doente, cansado, preocupado com o excesso de trabalho. Não estava vivendo. Nos finais de semana não conseguia curtir a familía, pois minha cabeça ficava na fábrica. Me vi livre de todas as tarefas, neste momento, fiz uma breve restrospectiva de tudo que estava pendente e que eu não mais precisaria me desgastar para cumprir dentro dos prazos apertados.
Ao voltar à realidade estava entrando em casa, como se nada tivesse acontecido. Levei as crianças na escola, a mulher no trabalho sem demonstrar nenhum desespero.
Voltei em casa, revisei meu currículo e fui no mesmo dia a uma agência de empregos da cidade. Passei por uma entrevista e estou aguardando.
Confesso que fiquei surpreso comigo. Agi como se houvesse caído, mas rapidamente levantado, sacudido a poeira e continuado a corrida.
Pensei comigo: o dom de vida é não se entregar e nem ficar chorando as pitangas. É ir à luta sempre.
Tomei fôlego, ainda tenho que contar para minha esposa e filhos...

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